Uma boa empresa faz um bom funcionário
Quanto mais escrevo e penso sobre as empresas e as relações dos patrões com os funcionários mais chego à conclusão que a ideia principal é esmifrar ao máximo os funcionários. O pensamento dos patrões é o seguinte: como é que podemos tirar o máximo partido desta pessoa? É um bom pensamento, não me interpretem mal. Considero que as pessoas devem mostrar as suas capacidades ao máximo. Mas daí a que os patrões pensem que as pessoas têm que deixar de ser elas próprias para passarem a ser servas e escravas das empresas vai um longo caminho.
Tenho assistido a muitas situações do género. Em que as pessoas são um número, um objeto que apenas serve para cumprir. E no final do mês o que é que as empresas fazem? Se pudessemos não pagar este extra melhor ainda. Esta pessoa está a ser pouco produtiva. Os patrões medem as pessoas pela sua produtividade. Isso numa fábrica onde se tem que fazer canecas e atingir um limite diário é aceitável. Nas outras empresas é preciso ajustar. Os estratagemas são tantos que os funcionários acabam por desacreditar as promessas que lhe foram feitas.
Casos mais específicos. O primeiro desrespeito que os patrões têm para com os funcionários tem a ver com os horários. A velha conversa. É também para seu benefício. Se a empresa crescer você também cresce. Não sou eu que estou a exigir que fique mais tempo, é o cliente. É preciso atender o cliente. E os funcionários lá fazem o jeito. Horas extraordinárias. Esquece lá isso. Ah, preciso sair mais cedo hoje, diz o funcionário. O patrão responde: vai ser descontado. Então e as horas que dei a mais. Não há cá horas a mais.
Depois as promessas salariais e os extras que deveriam ser pagos e não são. Tipo as contas não são feitas assim. Todos os euritos que se puder tirar ao funcionário melhor. Ele já recebe muito, por isso, esquece lá os extras (brincadeirinha).
Mais grave de tudo são as ameaças que o contrato não se renova ou que ninguém é insubstituível.
Enquanto tudo isto acontece o bom funcionário começa a pensar que assim não vale a pena. A empresa coloca todos os funcionários no mesmo saco e trata todos pela mesma medida. E esquece a máxima mais importante: uma boa empresa faz um bom funcionário e vice-versa. O que eu acho que os patrões se esquecem, no meio disto tudo, é que uma empresa sem bons funcionários e funcionários motivados não é nada. Basta ver que as empresas com mais sucesso são aquelas que têm os funcionários mais felizes e motivados.
O problema é que ainda há uma grande fatia de empresários que não pensa assim. A verdade é que dar boas condições aos funcionários e mantê-los satisfeitos não custa muito. Às vezes, basta entrar na empresa e dizer bom dia. Às vezes basta dizer: acredito no seu trabalho, ou, fazer um qualquer elogio. Já nem falo em incentivos monetários.
A verdade é que também sei que ter funcionários capazes e à altura não é fácil. Mas eles existem. E se existem é preciso estimá-los, acarinhá-los, defendê-los, motivá-los e tirar deles o seu melhor para que esse seja também o melhor da empresa.
Como já aqui disse não tenho nenhuma formação em Recursos Humanos. Tudo o que escrevo advém das minhas experiências laborais. E isso também é muito importante.
P.S. Já sei que vão aparecer virgens ofendidas a defender os patrões e acho bem que o façam. Como em tudo há bons e maus patrões. Há os que são como descrevi e os que são o oposto. E também há bons e maus funcionários. Mas para as empresas há sempre uma solução: ser boa para os funcionários bons e para os maus há sempre a porta de saída. Um mau funcionário aparece nos primeiros meses de trabalho, por isso, é fácil para a empresa não o manter. Já para um funcionário sair de uma má empresa não é assim tão fácil...